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Foto do escritorGuto Martinez

9º Wines of Chile


Aconteceu ontem em São Paulo o 9° Wines of Chile, evento que reúne produtores, imprensa e representantes do mercado para discutir os rumos da produção, vendas e, claro, provar alguns dos melhores exemplares que a nação andina oferece.


O Chile é um dos países que melhor tem explorado o mercado brasileiro, que embora seja o quinto em volume, é um dos que mais apresenta potencial de crescimento, devido ao baixo consumo. O favoritismo que o Chile concede o Brasil tem motivo, já que ele ocupa o primeiro lugar entre os importados consumidos por aqui há mais de 15 anos, sendo que em 2018 sua participação alcançou 44%.


Além do aumento do consumo, os vinhos chilenos também buscam aumentar o valor médio dos vinhos vendidos por aqui, já que compramos majoritariamente rótulos mais baratos, um mercado cada vez mais disputado por outros produtores. A Masterclass apresentou alguns dos ícones das vinícolas presentes do evento, com qualidade excepcional e novidades interessantes, como vinhos orgânicos, naturais ou de regiões como o Atacama. A variedade de uvas oferecidas também se mostra cada vez maior, pois embora a Cabernet Sauvignon e a Carménère ainda dominem, aparecem cada vez mais opções como Syrah, Petit Verdot e Cabernet Franc.


O sucesso do vinho chileno no Brasil fica fácil de entender: trata-se do resultado de um trabalho intenso, grande conhecimento do solo e das plantas que se adaptam por lá, e um grande senso de pioneirismo, buscando sempre oferecer algo distinto, mas com um caráter único. O vinho chileno merece todo o prestígio!


Notas de Degustação - Masterclass

Seleção de Manoel Beato, do restaurante Fasano


Santa Carolina Cuarteles Experimentales País 2017

Feito na região de Bio Bio, a vinhas têm idade média de 80 anos. A maceração carbônica, método que confere um caráter com frutas e acidez altas e poucos taninos, traz à tona os aromas de framboesas frescas e notas florais, e o paladar ainda apresenta folhas secas com muita vivacidade e um final bem limpo. Um vinho com uma pegada de Beaujolais que consegue trazer o melhor dessa uva típica no Chile.







Cono Sur 20 Barrels Pinot Noir 2017

O varietal produzido na região do Vale de Casablanca (Fundo El Triángulo e Fundo Campo Lindo) é principalmente elegante e intenso. Os aromas são muito típicos da uva, com cerejas e outras frutas vermelhas, notas tostadas, cogumelos. A boca traz uma acidez notável, taninos muito aveludados, frescor e um final saboroso, com sensações de um Pinot Noir mais "velho-mundista". Maestria no domínio da uva daquela que é a maior produtora de Pinot Noir do mundo.










Ventisquero Tara White Wine 1 Chardonnay 2016

O nome vem de uma salina do Deserto do Atacama, onde fica a vinícola. Os solos de produção deste vinho ficam próximos ao Rio Huasco, e a pisa é feita com os pés, demonstrando o cuidado com as uvas. Feito com fermentação em tanques de aço com leveduras nativas, sem a adição de produtos externos às uvas. A aparência não é totalmente límpida, o que evidencia esse caráter natural, mas o nariz é muito fresco e mineral, com aromas de giz, limão e maçã verde. A boca traz bastante acidez, persistência prolongada, muita mineralidade e salinidade (o solo do vinhedo tem sal visível), fazendo deste um Chardonnay único.






Ritual Supertuga Chardonnay 2016

A região do Vale de Casablanca já foi desdenhada para a produção de vinhos, mas seu potencial para produzir brancos de qualidade foi identificada pela Veramonte, que produz a linha Ritual. Este Chardonnay orgânico passa por 14 meses em barricas de 400 litros para adquirir textura e complexidade, o que se denota nos aromas de frutas amarelas maduras, cascas de cítricos, caju maduro, baunilha, sensação floral. A boca traz acidez, cremosidade, mineralidade, com bom potencial de guarda. Um vinho bem interessante que acumula altas pontuações em diversas publicações.









Viña Maquis Franco 2013

Localizada no coração do Vale do Colchágua, a Maquis elabora este varietal de Cabernet Franc que é um dos melhores exemplares dessa variedade no Chile. Passa por 14 meses em barricas de carvalho francês, e entrega aromas frescos, com notas vegetais se mesclando às frutas vermelhas e à mineralidade com elegância. A boca traz médio corpo, acidez gastronômica e taninos marcantes, com suculência e alguma salinidade. Persistente, tem profundidade e equilíbrio.













BTT Des Complicado Black Label Syrah 2017

As Bodegas Tagua Tagua são uma orgulhosa vinícola do Vale do Maule que produz este vinho natural intenso e marcante com a Syrah. Envelhecido por 18 meses após fermentação alcoólica e malolática, tem aromas de frutas negras maduras, chocolate amargo e um mentolado agradável, evoluindo para café e cacau. A boca é suculenta, quente, intensa e macia, com taninos marcantes mas bem redondos, sem agressividade, boa acidez. Um Syrah com delicadeza.










Siegel Ketran 2014

Os vinhedos de San Fernando (Fundo Los Lingues) com origem vulcânica dão a base para este vinho, que é o ícone da vinícola e tem o nome da palavra "lava" na língua local. O corte leva 35% Syrah, 30% Petit Verdot, 25% Carmenère e 10% de Cabernet Franc e passa 30 meses em barricas de carvalho francês e 12 em garrafa antes de chegar ao mercado. O nariz traz tipicidade, com aromas de frutas vermelhas e negras, notas vegetais delicadas, especiarias (pimenta preta). A boca é intensa, equilibrada, com alta acidez, potência, sensação de picância até. Persistente, traz um final marcante. Ótimo potencial para harmonizar com carnes mais gordurosas, como costela ou cupim assado.










Pérez Cruz Quelen 2013

O corte de 52% Petit Verdot, 28% Cot (ou Malbec) e 20% Carmenère passa 16 meses em barricas novas e de primeiro uso mescla estilos tradicionais e modernos, com frutas vermelhas frescas no nariz, com um ligeiro vegetal e uma nota de tabaco, um fundo de chocolate. Boca com frescor e boa concentração, mineralidade, taninos suaves, um equilíbrio muito grande e final agradável. Um vinho delicioso.



















Aresti 380 Codigo de Família 2012

Feito em comemoração aos 65 anos da vinícola, localizada no Vale de Curicó, este corte leva Cabernet Sauvignon, Malbec e Cabernet Franc para compor um vinho que traz aromas de frutas negras maduras (ameixa), tostado, especiarias doces (anis, cravo) e um fundo floral (violeta), já demonstrando algum envelhecimento, após os dois anos em madeira mais seis anos em garrafa. O paladar é intenso e convidativo, traz taninos marcantes, boa estrutura, encorpado e persistente.

















Casa Silva S38 Cabernet Sauvignon 2016

Este varietal produzido por Mario Geisse com uvas selecionadas de vinhedos do Vale de Colchagua (Los Lingues) passa por um cuidado muito grande, desde o resfriamento das uvas recebidas à maceração a frio e provas diárias após a fermentação, antes de passar 14 meses por barricas francesas e mais um ano de garrafa antes de ser lançado. O nariz traz frutas vermelhas (framboesa, cereja) e especiarias (pimenta, anis), e a boca é fresca, viva, com elegância e persistência. Um vinho muito franco ao mostrar tanto o seu terroir quanto a tipicidade da uva com elegância.

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