Novas barreiras tarifárias dos EUA e saída do Reino Unido da EU devem mudar padrões
De um lado do Atlântico, o Reino Unido ameaça com o Brexit sem acordo da União Europeia; do outro lado, os EUA surgem com uma proposta de aumento de tarifas retaliatórias. As duas medidas podem colocar barreiras com o potencial de reduzir as importações de vinhos da Europa continental para dois dos maiores mercados mundiais. Quais as possíveis consequências para o resto do mundo?
Num primeiro momento, fala-se em criação de reservas, principalmente para atender as festas de finais de ano no Reino Unido, o que pode levar a um pico de aumento de procura principalmente de vinhos de alto valor agregado, além daqueles ligados às celebrações, como o Champagne. Como muitos vinhos nessa categoria têm potencial de guarda, é de se imaginar que muitos consumidores também queiram fazer suas reservas, provavelmente aguardando o fim dessa situação - o que pode gerar escassez no mercado e, como consequência, aumento dos preços.
Os movimentos do mercado do vinho têm potencial de gerar dois efeitos distintos: por um lado, produtores de mercados que não terão alteração podem manter os preços, para competir com os produtos europeus. Chile, África do Sul, Austrália e Argentina, por exemplo, devem ser indiretamente beneficiados, mas a médio prazo, persistindo a barreira ao vinho europeu - e neste esteio, o Brasil, ainda um mercado secundário para estes países, pode vir a sofrer com uma falta de alguns dos rótulos mais prestigiados.
O lado positivo é que o produtor europeu que sentir o efeito da retração desses mercados pode buscar o vácuo deixado pelos produtores que migraram, gerando uma troca positiva para todos. Assim, embora o vinho europeu seja relativamente mais caro, é possível que tenhamos mais produtores interessados em colocar suas garrafas nas nossas prateleiras, o que seria muito benéfico para o consumidor brasileiro.
As incertezas que o mercado internacional vem tendo como um todo pode trazer boas novas para muitos produtores, bem como para os consumidores de outros países. Afinal, em tempos de crise, há sempre quem saiba aproveitar para surfar na onda - nem que seja vendendo lenço para quem chora o vinho derramado.
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