Luso-escocês é a personificação do vinho português atual
Por Guto Martinez
Numa noite quente de primavera em São Paulo, sentaram-se à mesa algumas das maiores personalidades do jornalismo de vinho e gastronomia do Brasil e, não fosse a mesa redonda, ela seria certamente encabeçada por uma personalidade de muita elegância e profundos conhecimentos: Dominic Symington.
Atual líder de uma família cuja ligação com o vinho se mistura também ao surgimento do próprio vinho do Porto, Dominic Symington possui raízes na Escócia, na Inglaterra e em Portugal, e conta hoje com o conhecimento adquirido ao longo de 14 gerações dedicadas a trabalhar por vinhos que chegam a levar uma vida inteira para se aperfeiçoar.
O reconhecimento, aliás, pode vir mais facilmente ao saber quais marcas estão sob o manto da Symington Family Estates: no Porto, a Graham’s, Cockburn’s, Dow’s e a Warre’s são responsáveis por 32% das categorias premium; e, no Douro, a família possui a Quinta do Vesúvio, a Altano e a Prats & Symington.
Enquanto os vinhos do Porto da Symington são praticamente sinônimos de qualidade máxima - tanto Oz Clarke quanto Hugh Johnson classificam a Graham's com o máximo de suas quatro estrelas, e o tinto Chryseia 2011, fruto da parceria da casa com Bruno Prats, foi escolhido pela Wine Spectator como o primeiro vinho português na lista dos 100 Melhores Vinhos do Mundo em 2004 e, de quebra, chegou ao terceiro lugar dessa lista em 2011.
Tanto prestígio rendeu à família Symington um lugar numa associação que, embora criada em 1992, carrega séculos de experiência em vinhos: a Primum Familiae Vini, união de doze das mais antigas famílias ligadas à história do vinho, e da qual Dominic Symington assumiu a diretoria pelos próximos dois anos. A título de curiosidade, as demais onze famílias são Miguel Torres (Penedes - Espanha), Hugel (Alsácia - França), Egon Muller Scharzhof (Moselle - Alemanha), Maison Joseph Drouhin (Borgonha - França), Marchesi Antinori (Toscana - Itália), Château Mouton Rothschild (Médoc - França), Famille Perrin (Vale do Rhône - França), Vega Sicilia (Ribera del Duero - Espanha), Tenuta San Guido (Toscana - Itália) e Pol Roger (Champagne - França). São doze, pois assim são as garrafas em uma caixa.
Dominic certamente não está sozinho na sua busca pela qualidade máxima em seus vinhos: seu irmão Paul foi condecorado como Homem do Ano em 2012 pela publicação inglesa Decanter, um dos prêmios de maior relevância no setor. Também três primos, Johnny, Rupert e Charles, ajudam na gestão desse verdadeiro clã luso-escocês. Durante o jantar em São Paulo, o embaixador da marca para o Brasil, Francisco Cepeda, veio para reforçar o time.
Não é pouco dizer que este efusivo senhor que se interessa pelos seus excelentes produtos e pela experiência que é a sua degustação é, hoje, o mais relevante nome no vinho português. Mas o mais importante de tudo é saber que a tradição de séculos dessa família pode ser desfrutada por quem adquirir uma garrafa de qualquer um de seus excelentes vinhos.
No Brasil, os vinhos da Symington podem ser adquiridos na importadora Mistral.
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