Passados 150 anos de sua fundação, as Bodegas Faustino podem se orgulhar de muitos feitos além da durabilidade, entre eles o título de Rioja Gran Reserva mais vendido no planeta. Agora, a quarta geração começa a notar o mercado brasileiro, e busca explorar cada região através de sua importadora própria.
As Bodegas Faustino compreendem um grupo que produz vinhos em cinco denominações de origem nas suas sete vinícolas na Espanha (D.O.Ca Rioja, D.O. Ribera del Duero, D.O. Navarra, D.O. La Mancha, D.O. Cava), país que já é um dos maiores exportadores do mundo e que já viu suas exportações triplicarem para nosso país, mas que ainda detém uma posição tímida no total, ligeiramente abaixo dos 6% - a Espanha produziu 14,7% do total do vinho em 2017, mas é o maior exportador mundial.
Além de ser uma vinícola familiar, a Faustino busca se manter atualizada mesmo mantendo sua tradição: o rótulo do Rioja Gran Reserva mais vendido no mundo, por exemplo, traz uma pintura de Rembrandt, que na linha "Art Collection - Miradas Inéditas" surge como uma releitura do artista colombiano Willy Ramos, conhecido por seu trabalho com cores vibrantes, num paralelo bem adequado com o vinho espanhol.
Em degustação realizada em São Paulo com os diretores de operações no Brasil, María Eugenia Sampedro e Fernando Játiva, foram mostrados ainda outros rótulos com grande potencial de atrair o público local, tanto pela sua vocação de frescor quanto pelo valor mais adequado à realidade local: a linha Portia, com um Verdejo branco da região de Rueda, e um varietal de Tempranillo de Ribera del Duero, além do belíssimo rosé Campillo feito com 100% de Garnacha em Rioja.
O grupo volta ao Brasil com uma estratégia distinta da grande maioria dos produtores: as importações são feitas pela própria Faustino, que agora busca parceiros regionais para distribuir seus vinhos. A estratégia é interessante, já que evita um foco muito grande nos mercados mais saturados, e permite contar com conhecimento local para potencializar as vendas em cada parte do nosso país, cada uma com suas características.
Embora crescente, o mercado brasileiro pode apresentar um grande desafio, já que somos praticamente dominados por Chile, Portugal e Argentina em decorrência do câmbio desfavorável, mas com grande experiência e rótulos com valores mais adequados, podemos ver os europeus voltarem a reconquistar parte desse mercado. Para as Bodegas Faustino, conforme seu lema já prega, o melhor está por vir.
Notas de Degustação
Portia Blanco Verdejo 2018
Um vinho claro e brilhante, traz no nariz aromas cítricos misturados com pêssego, notas herbáceas e uma mineralidade discreta. O paladar se destaca pelo frescor trazido por uma acidez equilibrada, com um final ligeiramente amargo característico da uva. Ótimo para harmonizar com pratos leves, é uma boa pedida para locais de clima quente.
Campillo Rosé 2018
A coloração rosa-salmonada, ou "casca de cebola", é bastante clara e brilhante. Os aromas intensos com notas florais e frutados que mesclam desde maçã-verde a groselha e toranja têm uma complexidade surpreendente. A boca possui ligeira untuosidade, acidez equilibrada e persistência média a prolongada, também com frescor mas de forma delicada, traz um final ainda frutado. A harmonização é ampla, e vai desde peixe assado a carnes brancas, incluindo risotos e comidas com tomate. Destaque para este vinho, um rosé comparável aos melhores que temos no mercado hoje.
Portia Prima 2016
O vinho tinto da linha Portia é produzido em Ribera del Duero e traz uma coloração intensa, rubro-violeta límpida, brilhante e quase azulada. A intensidade dos aromas de frutas vermelhas e negras é acompanhada de um ligeiro aroma adocicado, que lembra toffee, decorrente dos 15 meses em barricas novas de carvalho francês. Em boca, temos uma boa estrutura, com acidez gastronômica e persistência prolongada, e um final que traz notas tostadas muito agradável. Um vinho bem equilibrado que mereceu 94 pontos na avaliação de James Suckling, 91 para o Guía Peñin e 97 pontos (Medalha de Platina) no Decanter Asia Wine Awards.
Faustino Crianza 2016
Este belo Rioja teve a colheita deste ano classificada como "muito boa", e traz o vermelho-rubi limpo e brilhante que se espera neste tipo de vinho. Os aromas trazem intensidade de frutas vermelhas com especiarias (cravo, anis) associadas a um ligeiro tostado. A boca traz equilíbrio com intensidade vibrante, taninos bem arredondados e um final com frutas marcantes. Harmoniza facilmente com qualquer prato à base de carne, branca ou vermelha, e queijos amarelos.
Faustino I Gran Reserva 2008
O principal rótulo da vinícola traz a tradicional rede dourada que envolve uma garrafa fosca, mostrando que este é um vinho tradicional. A coloração vermelho-rubi já traz uma unha de evolução, afinal este vinho já viu mais de 11 anos se passarem desde a colheita, três deles em barricas de carvalho francês e americano. Os aromas são complexos, trazendo desde frutas vermelhas e delicadas especiarias doces (baunilha, cravo) e tostados até um fundo que lembra cedro. A boca traz intensidade sem agressividade, com taninos presentes e bem trabalhados, com todos os aromas presentes até o final. A harmonização também é ampla, com preferência para carnes mais gordurosas (incluindo peixes), queijos amarelos e comidas com cogumelos.
Faustino Icon Edition 2014
Este vinho que, justificadamente, leva o título de ícone da vinícola, leva 5% de Graciano no corte com Tempranillo, e é feito com fermentação em temperatura controlada para melhorar o seu caráter frutado, além de 18 meses passados em carvalho francês antes de seguir para a garrafa. A coloração vermelho-rubi ligeiramente violácea encontra um nariz de frutos negros maduros, com especiarias e tostados associados a casca de laranja seca. Um vinho muito redondo, possui boa acidez e equilíbrio, com toda a elegância de um grande Rioja. Harmoniza facilmente com carnes vermelhas, comidas com molhos vermelhos e queijos de meia cura.
Comentarios