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Foto do escritorGuto Martinez

Histórica, Herdade dos Coelheiros tem passado em comum com o Brasil

Histórico produtor busca a identidade alentejana com comando brasileiro


O que teriam em comum o principal idealizador do Tratado de Tordesilhas, uma histórica herdade no Alentejo e um casal brasileiro? A resposta é uma vinícola, a Herdade dos Coelheiros, que desde a década de 90 vem reunindo elogios e prêmios de alguns dos mais respeitados profissionais do setor.

A primeira referência histórica à Herdade dos Coelheiros é uma doação de casamento de 1467, feita a D. Ruy de Sousa, que negociou com a Espanha a divisão de terras nas Américas, mas foi apenas em 1981 que surgiu a vinícola como hoje conhecemos. A propriedade familiar foi reconhecida como um dos melhores produtores portugueses por Jancis Robinson em 1991, na sua primeira grande prova de vinhos portugueses, e em 2015 o casal brasileiro Alberto Weisser e Gabriela Mascioli adquiriu a vinícola, implementando mudanças profundas que prometem resultados ainda melhores.

A principal das mudanças apresentadas foi a substituição de castas francesas por variedades autóctones, o que confere mais identidade regional aos vinhos e garante um produto único - afinal, as chamadas "variedades internacionais" já possuem produção em tantas regiões que acabam gerando comparações muitas vezes genéricas e que menosprezam o terroir. O novo enólogo, Luis Patrão, herda o legado de António Saramago, seu antecessor, que mantém ligação com a herdade.

Outra novidade é a busca por uma produção limitada na qualidade, com foco no aumento da qualidade das vinhas em detrimento da alta produção: onde antes eram produzidas 400 mil garrafas anuais, hoje são feitas 150 mil garrafas, com uma meta de 250 mil a médio prazo. O resultado é a melhor concentração nas uvas, com vinhos mais intensos e elegantes, e a supressão de duas linhas de entrada para posicionar a vinícola como uma das melhores do Alentejo. Um próximo passo é a certificação orgânica da produção, que deverá vir até 2020.

Os resultados são notáveis: os vinhos ganharam muito em elegância, tipicidade e complexidade, que pode ser percebida desde a linha Coelheiros, que passa a ser a primeira, passando pelos excelentes Tapada dos Coelheiros, até o intenso Vinha do Taco, único produzido por uma casta francesa (Petit Verdot) que será mantida, mas cuja produção só é feita em anos de qualidade excepcional.

O imenso respeito da Herdade dos Coelheiros com a cultura regional alentejana pode ser notada até mesmo na identidade visual dos vinhos: localizada nos arredores de Arraiolos, famosa pelos tapetes, os rótulos são feitos com base nas telas e símbolos onde eles são tecidos, com um resultado que une a tradição local com modernidade e elegância, adjetivos que parecem perfeitos para definir uma vinícola cuja história ainda tem muitos capítulos a serem escritos.

Notas de Degustação

Coelheiros Branco 2016

Elaborado com Arinto produzido na Vinha da Sobreira, é um branco com frescor e vivacidade, aromas tropicais e boca bastante refrescante, com mineralidade quase salina. Uma ótima opção para acompanhar pratos de frutos do mar.

Coelheiros Chardonnay 2016

Última safra desta variedade da vinícola, é visto como um dos melhores desta casta feito no Alentejo, mas cuja produção foi abandonada porque, afinal, é mais um Chardonnay. Bastante amanteigado, traz frutas e flores brancas com delicadeza, mas com um paladar mais pronunciado do que o nariz indica. A madeira vem equilibrada, suficiente para dar volume em boca sem enjoar. Perdurará como um ícone do potencial alentejano para esta uva.

Tapada de Coelheiros Branco 2016

Leva Arinto e Roupeiro da Vinha da Sobreira, com a primeira safra feita em 1995. Caracterizado por complexidade aromática, que une frutas cítricas, camomila, casca de laranja confitada, com untuosidade e persistência em boca e grande potencial gastronômico. Bom potencial de envelhecimento. Promete ser o novo grande branco alentejano da vinícola.

Coelheiros Tinto 2015

Este rótulo é feito com Aragonez e Alicante Bouschet, com predominância de frutas vermelhas maduras e ligeiros defumado e resinado, muito agradável. A boca é persistente, possui taninos bem definidos, final prolongado e agradável. Um ótimo vinho para quem quer tipicidade alentejana.

Tapada de Coelheiros Tinto 2013

Este vinho já é considerado como um ícone da Cabernet Sauvignon em Portugal, com 70% desta variedade e 30% de Alicante Bouschet. Passa 3 anos de envelhecimento entre a barrica e a garrafa. Os aromas trazem frutas negras e especiarias, além de charuto e cacau. Um vinho opulento e sedoso, é ideal para degustação lenta e dedicada.

Coelheiros Vinha do Taco 2010

Único rótulo feito exclusivamente com casta francesa que será mantido pela vinícola, é produzido exclusivamente em anos de qualidade excepcional, estagiando em barricas velhas. A Petit Verdot mostra todo seu potencial aqui, com intensidade e complexidade no nariz, que traz notas terrosas, mineralidade (grafite), especiarias e frutas muito maduras. A boca é densa, com acidez vibrante e muito persistente, com os taninos marcantes característicos da uva, mas que conferem uma sensação aveludada. Icônico!


Importação e vendas pela Mistral (www.mistral.com.br).


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