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Foto do escritorGuto Martinez

Pio Cesare: mudar para manter a tradição

Tradicional produtor piemontês mantém a alta qualidade dos vinhos através das gerações


Poucos produtores são tão facilmente identificáveis no mundo do vinho como Pio Cesare, com seu rótulo tradicional azul e branco, onde os destaques são seu nome e o tipo de vinho, presentes em mais de 40 países. O que poucos sabem é que o conteúdo das garrafas é provavelmente muito semelhante ao produzido há, pelo menos, quatro gerações.


Para Pio Boffa, atual proprietário e representante da quinta geração da família que comanda a Pio Cesare, o vinho deve preservar as mesmas características da época dos seus pais, avós e bisavós, mantendo a condição de artesãos, não industriais do vinho, e por este motivo o produtor é definido pelo Gambero Rosso em três palavras: história, coerência e dinamismo.

Mas como se encaixa o dinamismo numa casa marcada pela tradição e equilíbrio? Simples: as poucas alterações feitas na maneira de se produzir o vinho têm como objetivo alcançar o resultado mais próximo ao das colheitas anteriores. Afinal, as vinhas podem ser as mesmas que garantem a autossuficiência do produtor, mas as condições climáticas mudam - e numa época de grandes transformações induzidas pela presença humana, por vezes é preciso se adaptar para garantir a qualidade.


Um exemplo da busca pela tradição é a limitação do uso de carvalho novo: parte da produção ainda passa pelos grandes botti, imensos barris de carvalho Allier de dois mil a cinco mil litros, que seguem em uso há vários anos. O toque de modernidade se dá, por exemplo, na fermentação de diversos Barolos e Nebbiolos em tanques de inox em contato com os sólidos, que ocorre a temperaturas entre 28° a 30°, resultando num vinho levemente mais encorpado e denso, de acordo com o produtor.


O fato é que o resultado é facilmente classificado como excepcional na maioria dos seus vinhos: importantes meios jornalísticos, como a Wine Spectator ou Robert Parker, frequentemente atribui notas altas, superiores a 90 pontos, para diversos deles - o Barolo Ornato 2009, procedente de Serralunga D'Alba, alncançou 93+ para Parker, bem como a nota máxima de 3 bicchieri para o Gambero Rosso.


E nem apenas de tintos à base da uva Nebbiolo vive a Pio Cesare: também se destacam um Chardonnay com frescor e cremosidade em pleno equilíbrio, o ótimo Piodilei, bem como o saboroso Moscato D'Asti, cujo equilíbrio de aromas adocidados como pera, mel e jasmim encontram na boca uma acidez muito equilibrada com o teor de açúcar, praticamente implorando por um pan d'oro ou mesmo uma pannacotta!


Trata-se, portanto, de um vinho que impressiona em diversos aspectos, mas principalmente pela consistência da sua qualidade. Um vinho destes, cujo potencial de guarda o torna uma aquisição excelente, é uma garantia de retorno ao seu valor, e da alegria de quem o prova.

Notas de Degustação


Pio Cesare Piodilei Chardonnay 2011

14°

Amarelo palha, muito límpido. nariz intenso de frutos cítricos maduros (limão tahiti), abacaxi, amêndoas, baunilha, pipoca, manteiga. Mineralidade, uma certa complexidade. Em boca, intenso com acidez muito marcante, com boa untuosidade. Persistência longa, com um final cítrico. Um Chardonnay muito bem trabalhado.


Pio Cesare Barolo 2011

14°

Em taça, rubi com unha de amadurecimento (alaranjado). Nariz, cerejas vermelhas, alcaçuz, húmus. Corpo médio para encorpado, taninos marcantes, persistência bastante longa, bastante acidez e muita intensidade. Resultado de um verão bastante quente, ficará ainda melhor com o tempo.


Pio Cesare Barbaresco 2010

14,5°

Em taça, rubi com unha de amadurecimento. Nariz de frutas vermelhas (cerejas e framboesa), flores secas (rosas), notas suaves de tabaco. Em boca, acidez gastronômica, taninos um pouco mais austeros, mas não agressivos. Um vinho muito elegante e convidativo.


Pio Cesare Barolo 2010

O envelhecimento já reduziu o teor de frutas, ficando mais ressaltados os aromas de especiarias e flores secas. Boca mais "quente", com o álcool um pouco mais perceptível.


Pio Cesare Barolo Ornato 2009

14,5°

Um pouco mais de húmus, funghi, além das características dos demais Barolos. Taninos mais presentes também, um pouco mais rústicos. Um vinho mais potente, com um pouco mais de corpo, um dos mais equilibrados entre os degustados. Muito prazeroso!


Pio Cesare Barbaresco Il Bricco 2009

14,5°

Nariz com frutas vermelhas um pouco mais cozidas, mais flores secas, também com especiarias e amêndoas. Em taça, taninos mais bem-acabados, acidez em equilíbrio com o teor de frutas, madeira.

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